Monday, May 08, 2006

Madrugada: Caio Fernando Abreu e Jens Lekman

"...dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem aqui... "

"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez."

"Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada..."

"Os dias se interrompiam quando ele ia embora. Recomeçavam apenas no mesmo segundo em que tornava a chegar."

"O que eles deixaram foram três postulados: importante é a luz, mesmo quando consome; a cinza é mais digna que a matéria intacta e a salvação pertence apenas àqueles que aceitaram a loucura escorrendo em suas veias."

"...sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e, se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, entende?"

"Vou te escrever uma carta e não mandar.- Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir."

"E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."

"E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros"

"ah se ousássemos."

Ao Som: Jens Lekman - Sky Phenomenon

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Arrepiei.
Chorei.

Amei :*

4:55 AM  
Anonymous Anonymous said...

Sabe, o Caio Fernando é uma das coisas mais apaixonantes em você.
É uma entre tantas mais.

5:15 AM  
Anonymous Anonymous said...

"I'm standing here waiting, for you to come
in the sky some kind of strange sky phenomenon"

Lindo, jan.

boa semana pra ti :*****

8:49 AM  
Anonymous Anonymous said...

Caio Fernando= você apaixonante.

Hummmmm. Vou comprar mais livros dele pra conseguir isso.
É o MEL, né? hahahaa

9:31 AM  

Post a Comment

<< Home